Na manhã do Dia de Finados, algumas das filhas de Silvio Santos resolveram visitar o local onde o corpo do apresentador, falecido recentemente, foi velado
Embora a tradição de Finados não faça parte da cultura judaica, à qual Silvio pertencia, e tampouco seja uma prática habitual entre as filhas evangélicas, o encontro surgiu como uma forma de prestar uma homenagem silenciosa ao pai.
A presença delas no cemitério chamou a atenção dos curiosos e fãs, pois a despedida de Silvio já havia ocorrido de acordo com os rituais tradicionais do judaísmo — em um enterro rápido, sem flores, em respeito à crença de que o corpo deve retornar à terra o mais rápido possível.
Para alguns familiares, voltar ao túmulo nesta data parecia incomum, mas para as filhas, seria um momento íntimo de recordação e união. No entanto, ao se aproximarem do caixão, o que elas encontraram as deixou completamente perplexas.
Uma Cena que Ninguém Esperava
A primeira a notar foi Patrícia Abravanel, uma das filhas mais próximas do pai e conhecida por sua ligação com a fé evangélica. Ao se aproximar do caixão, ela se deu conta de que ele estava entreaberto, algo impensável nos costumes judaicos, onde se evita manipular o corpo após o sepultamento. Intrigadas, as irmãs decidiram abrir o caixão para entender o que estava acontecendo.
O que elas viram as deixou sem palavras: dentro do caixão, havia objetos pessoais que não deveriam estar ali. Ao lado do corpo de Silvio Santos, repousavam fotos de família, uma antiga estrela de Davi — símbolo da fé judaica —, além de uma pequena Bíblia aberta em um versículo do Antigo Testamento. Para surpresa das filhas, também havia uma fita cassete com gravações antigas da voz do próprio apresentador.
A presença desses itens trouxe uma mistura de emoções e questionamentos. A inclusão de uma Bíblia e outros objetos não fazia parte dos rituais judaicos, e muito menos das práticas evangélicas. Quem teria colocado aqueles itens ali, e por quê? As filhas se entreolharam, sem entender como aquilo havia acontecido.
A Revelação que Traz Consolo e Reflexão
Logo após o momento de surpresa, uma funcionária do cemitério se aproximou e trouxe uma explicação inesperada. Segundo ela, foi o próprio Silvio quem deixou instruções para que os itens fossem colocados junto a ele no caixão.
Em vida, o apresentador havia confidenciado a pessoas próximas que, embora se mantivesse fiel às tradições judaicas, sentia-se profundamente conectado à sua família e às crenças que suas filhas seguiam. “Ele dizia que a fé e o amor que vocês têm por ele eram o que mais importava”, revelou a funcionária.
O gesto, aparentemente simples, trouxe uma nova compreensão para as filhas. As diferenças religiosas que poderiam separá-los não eram, para Silvio, barreiras intransponíveis. A Bíblia e a estrela de Davi, colocadas lado a lado, simbolizavam a união entre as tradições judaica e cristã, como uma forma de expressar o respeito que ele tinha por todos os caminhos espirituais que a família seguia.
O Significado do Adeus e a União na Diversidade
O episódio inesperado fez com que as filhas enxergassem o momento de luto por uma nova perspectiva. Mesmo no silêncio da morte, Silvio Santos encontrou uma maneira de mostrar que a verdadeira herança que ele queria deixar era o amor e a união familiar, acima de qualquer divergência religiosa.
A visita ao túmulo, que a princípio parecia um ato fora dos costumes tanto para a tradição judaica quanto para a fé evangélica das filhas, acabou se tornando um momento de reflexão e paz. Elas perceberam que, para o pai, o importante era estar conectado espiritualmente com todos, independentemente dos rótulos ou crenças.
Assim, entre lágrimas e risos, as irmãs se despediram mais uma vez do patriarca, agora entendendo que o verdadeiro legado dele não estava apenas nos programas de auditório, mas também no exemplo de respeito e amor incondicional que ele cultivou até o último momento.