O feminicídio é uma realidade assustadora que continua a assolar o Brasil, com mulheres sendo brutalmente assassinadas por seus ex-companheiros em um cenário de violência que parece não ter fim. Essa violência de gênero não é um fato isolado, mas uma expressão trágica de uma cultura patriarcal que oprime e, muitas vezes, silenciada as vítimas. No entanto, os gritos por justiça e proteção fazem cada vez mais presentes, ecoando através de cada tragédia.

Um dos casos mais recentes que chocou o país aconteceu na manhã de segunda-feira, dia 16 de setembro, em São Paulo. Maria Adelma dos Santos, de 42 anos, foi brutalmente assassinada a facadas enquanto fazia sua trajetória habitual para o trabalho. O crime ocorreu à luz do dia, reforçando o sentimento de insegurança que tantas mulheres enfrentam diariamente. Infelizmente, a história de Maria Adelma reflete a de muitas outras vítimas que, apesar de tomarem precauções, não escaparam da violência.

Antes de ser atacada, Maria expressou o medo que sentia de seu ex-marido, Fabiano Antônio da Silva, que agora é o principal suspeito do crime. Esse medo, compartilhado com uma amiga, era um sinal claro de que algo estava prestes a acontecer. Como muitas mulheres, ela tentou proteger-se mudando sua trajetória diária, acreditando que, ao evitar os locais conhecidos, poderia escapar de um encontro com o ex.

Entretanto, apesar de seus esforços, o perigo enfrentou Maria. Poucos metros depois de parar em uma banca de jornal para tomar café, ela foi abordada por um homem encapuzado, que desferiu várias fachadas contra seu corpo. A violência foi tamanha que não deu chances para que ela fosse socorrida a tempo. Sua amiga, que presenciou o ataque, acionou imediatamente os serviços de emergência, mas, infelizmente, Maria não resistiu aos ferimentos.

A brutalidade desse caso trouxe à tona, mais uma vez, uma discussão sobre a eficácia das medidas protetivas e a resposta do Estado diante da violência contra as mulheres. Maria já havia denunciado seu ex-marido e solicitada proteção, mas como tantas outras mulheres, não teve tempo suficiente para ver essas medidas surtirem efeito. Sua morte expõe as falhas de um sistema que deveria garantir a segurança de mulheres ameaçadas, mas que, muitas vezes, não consegue intervir a tempo.

A polícia, que agora trata o caso como feminicídio, está à procura de Fabiano, que permanece foragido. As autoridades esperam capturá-lo para que ele possa responder por seus atos na justiça. No entanto, enquanto isso não acontece, a sociedade questiona: o que mais terão que morrer antes que medidas mais eficazes sejam tomadas.

A filha do casal, em depoimento à polícia, confirmou que o relacionamento entre seus pais foi marcado por episódios de violência. Ela relatou que sua mãe, Maria, havia pedido uma medida protetiva contra o agressor, mas isso não foi suficiente para evitar uma tragédia. Essa história, dolorosamente comum, destaca a impotência que muitas mulheres sentem ao tentar escapar de relacionamentos abusivos.

A tragédia vívida de Maria Adelma não é um caso isolado. De Norte a Sul do país, histórias semelhantes se repetem diariamente. O feminicídio é um problema estrutural que exige respostas urgentes por parte das autoridades e da sociedade como um todo. A criação de políticas públicas mais eficazes e o fortalecimento de redes de apoio para mulheres em situação de risco são fundamentais para combater esses números.

Além disso, é necessário que haja uma mudança cultural profunda, em que o respeito e a valorização da vida das mulheres sejam pilares fundamentais da convivência social. A violência de gênero não pode mais ser vista como uma questão particular ou de menor importância. Ela deve ser enfrentada com a seriedade e a urgência que merece.

É fundamental que o poder público invista em programas de conscientização e educação que promovam a igualdade de gênero e a prevenção à violência. Só assim será possível mudar a mentalidade que ainda permite que crimes como o feminicídio continuem a acontecer com tamanha frequência.

A sociedade, por sua vez, deve cobrar das autoridades uma resposta mais eficaz e rápida aos casos de violência doméstica. As leis precisam ser cumpridas com rigor, e as vítimas devem ser tratadas com respeito e dignidade, para que possam acreditar na justiça e se sentirem seguras ao denunciar seus agressores.

Cada feminicídio é uma ferida aberta em nossa sociedade, uma prova de que ainda temos muito a avançar em termos de proteção e valorização da vida das mulheres. O caso de Maria Adelma dos Santos é mais um triste lembrete de que precisamos agir agora, antes que mais vidas sejam perdidas para a violência de gênero.

A luta contra o feminicídio deve ser uma prioridade de todos nós, seja por meio de políticas públicas, seja pela transformação cultural. Mulheres como Maria Adelma não podem continuar a ser números em estatísticas trágicas; elas precisam ser lembradas como símbolos de uma luta que, não acabou.

O caminho para a mudança é longo, mas é necessário dar cada passo com a certeza de que estamos caminhando na direção certa: uma sociedade mais justa, segura e igualitária para todos.